quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Na casa da vovó

Mãe educa, avó estraga? Com diálogo e definição de papéis, é possível harmonizar esta relação.

Bolo de chocolate
Muitos pais, por saberem da importância de estabelecer rotinas com os pequenos desde cedo, organizam horários para alimentação, sono, brincadeiras, restringindo algumas coisas aos finais de semana e proibindo outras, inapropriadas para a idade. Os filhos costumam respeitar esta dinâmica em casa, mas quando estão na casa dos avós ou sob o cuidado deles, tudo parece mudar. Usando de seu charme, as crianças conseguem convencê-los de quase tudo, incluindo comer doces antes da refeição ou dormir sem tomar banho. Por que isso acontece? É prejudicial à criança a transgressão de regras com os avós?

Dizem que os avós são pais duas vezes, mas com a vantagem de não precisar educar. Por isso, aproveitam esta condição para presentear e encher os pimpolhos de agrados, amor e carinho, dando menos importância aos limites e à rotina. Para eles, estar com os netos é uma situação ocasional, então deixam que a criança escolha o que e como quer fazer. Casa de avô torna-se um refúgio. É comum as crianças relatarem que lá é gostoso porque tem sempre bolo de chocolate e brincadeiras fora do horário, que podem assistir mais TV ou brincar à vontade. Ana Carolina Martinez, advogada, 36 anos, conhece bem esta realidade. Mãe de Maria Luiza, de 2 anos, desabafa "Minha mãe sempre deixa tudo, nunca contraria a Malu. Ela sabe disso e abusa, faz manha e consegue o que quer".



Mãe educa, avó estraga?

Se em curto prazo parece que os avós estão estragando a educação, lá na frente o saldo é positivo. Especialistas em educação infantil são unânimes em reconhecer os benefícios da relação. O bebê que recebe o afeto do vovô e da vovó torna-se um adulto com, por exemplo, excelentes recordações da própria infância, facilidade no convívio social e no estabelecimento de vínculos amorosos e que nutre carinho pelos idosos. Para os avós também faz bem: sentem-se rejuvenescidos pelo contato com bebês, veem a oportunidade de se atualizar e matar as saudades dos seus filhos pequenos ou mesmo reparar alguma conduta. Assim, muitas vezes um pai que foi rígido vira um avô permissivo. É o caso da pequena Malu: "meu pai dá pirulito e refrigerante sem nem perguntar se concordamos", fala Ana Carolina.

O relacionamento é descontraído e, portanto, menos pautado pelas regras. No entanto, mesmo a falta de limites que de início pode parecer caótica, com o passar do tempo, adquire um ritmo. Cibele Carvalho, empresária, 33 anos, mãe de Luana e Milena, de 6 e 11 anos, ficou assustada pela liberdade total: "Minha mãe levava minhas filhas para tomar banho de chuva, transformava a sala em floresta e cabana e nem ligava para comida sujando o carpete. No começo, assustou. Hoje vejo que é tudo livre, mas monitorado. Do jeito dela, está sempre junto com as netas, evitando os excessos".


Até aí nenhum perigo: a criança tem total condição de compreender a diferença dos ambientes e da maneira de ser dos adultos com quem convive. Ao contrário do que temem as mães, elas lidam bem com diferentes ritmos e exigências em sua casa e na casa dos avós. O complicado é quando, com a realidade em que as mães trabalham fora por longos períodos, os avós são escolhidos como cuidadores da criança diariamente ou por tempo regular.



Quando vovó é cuidadora

Nestes casos, é fundamental prestar mais atenção à relação, pois, se os avós estão muito presentes, não podem ser transgressores, devem contribuir com os limites estabelecidos pelos pais, e controlar a vontade de modificar a dinâmica, para não confundir a criança entre o que é regra e o que é exceção. É preciso que avós que assumem o papel de cuidadores compreendam o funcionamento do sistema da família para horários e condutas. Se não estiverem alinhadas, pode-se até gerar tensão e desentendimento entre as duas gerações, afetando a criança, que precisa de harmonia e segurança. A alternativa para satisfazer os mimos é combinar um dia dos pequenos com avós, de preferência fora da casa da família, em que, será permitido flexibilizar e deixar a criança à vontade para travessuras, tomar sorvete ou dormir tarde.


Conversa entre gerações

Em qualquer dinâmica familiar, é muito importante que haja entre pais e avós um diálogo sobre a forma escolhida para educar. Quando as mães conseguem aceitar que na casa da vovó pode ser diferente, passam a ter mais tranquilidade na sua relação com os filhos, tornando consequentemente mais fácil a sua própria imposição de limites. Por outro lado, os avós que conseguem conquistar o carinho dos netos sem recorrer às prendas e guloseimas, também estabelecem uma relação saudável e harmônica com todos os membros da família.  


Fonte: bebe.com

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