quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Sonhos na gravidez

sonho-gravidez-19-10-2011-mtNesse período, eles parecem tão nítidos e reais que vão fazer você ficar em dúvida se estava dormindo. É o inconsciente despertando seu amor maternal. Escute o que ele tem a dizer!

Sonhei que entrava no segundo quarto do apartamento onde morava. Ele estava vazio. Mas, ao abrir o armário, descobri que havia vários vestidinhos, pendurados aos pares, cada um de uma cor. Na hora, soube que tinha engravidado de duas meninas. Realmente, após nove meses, nasceram Julia e Isadora, minhas gêmeas não idênticas.” Quem conta essa história é a psicoterapeuta paulista Sâmara Jorge, que na época havia feito uma fertilização in vitro, mas ainda não sabia o resultado. Premonição?
 
Sim, mas não no sentido sobrenatural. “Nosso corpo sabe que engravidamos muito antes de termos cons ciên cia disso e pode mandar o recado pelo sonho”, explica a psicóloga Marion Rauscher Gallbach, de São Paulo, autora dos livros Aprendendo com os Sonhos e Sonhos e Gravidez – Iniciação à Criatividade Feminina (ambos da Paulus). E preparese, pois sua mente vai usar muito esse canal de comunicação nos próximos meses. “A gestação é uma fase marcada por mudanças fí sicas e psíquicas. Todas as emoções são sentidas de maneira muito intensa e se revelam nos sonhos. Portanto, prestar atenção neles e tentar compreendêlos pode ajudar a grávida a lidar melhor com os sentimentos e as expectativas e com a nova relação que está estabelecendo com o feto e consigo mesma”, afirma Sâmara.
 
Código pessoal
 
A menos que você seja expert em interpretação dos sonhos, essa percepção é intuitiva, mesmo porque o inconsciente fala por símbolos (veja o quadro “Os campeões de bilheteria”). Mas o que ele comunica ajuda a perceber medos, dúvidas, ansiedades e desejos em relação à maternidade. Segundo a psicóloga americana Patricia Garfield, referência mundial no estudo dos sonhos e autora do livro Women’s Bodies, Women’s Dreams (“Corpos femininos, sonhos femininos”, ainda não publicado no Brasil), existe até um padrão nas mensagens oníricas mais frequentes a cada fase da gravidez.
 
1° trimestre Evidenciam ansiedade em relação ao nascimento do filho e despertam a consciência para as mudanças corporais e a formação do líquido amniótico. Exemplos: sonhos com água, inundações, mar etc.
 
2° trimestre Revelam interesse pela ligação com o bebê, insegurança com a aparência e preocupação com o amor do parceiro. Exemplos: sonhos em que o parceiro se relaciona com outra mulher, o bebê é esquecido em algum lugar ou não há leite para alimentá-lo.
 
3° trimestre Giram em torno do desejo de saber mais sobre o bebê – se é menino ou menina, suas feições. “Os relatos falam de sonhos nos quais as crianças revelam suas preferências nesses assuntos”, diz Sâmara.
 
Semanas finais da gestação Trazem à tona medos em relação ao parto e ansiedade pela chegada da criança e pela responsabilidade de ser mãe. São comuns sonhos com roubos, assaltos e situações incontroláveis.
 
Seja qual for o recado, sonhar faz bem à grávida, como concluiu um grupo de pesquisadores da Universidade de Yamaguchi, no Japão, ao revisar uma série de estudos sobre o tema. Segundo eles, a maioria das pesquisas indica que os sonhos fazem a mulher lidar mais facilmente com as crises emocionais do período e a aceitar o papel de cuidadora de uma nova vida. “A função deles é ajudar a mente a se equilibrar, trazendo para o consciente medos e inseguranças ocultos”, ensina Sâmara. Um exemplo? Se você treme só de pensar em dar o primeiro banho no seu filho, é provável que se tranquilize caso os sonhos revelem uma imagem sua em situações de amor e cuidado com o bebê.
 
Conexão total
 
Além de ricos no enredo, os sonhos agora tendem a parecer mais realistas. “Eu nunca me lembrava de um sonho, mas na gravidez eles se tornaram tão incrivelmente nítidos que nem precisava anotá-los”, conta a assistente administrativa Milena B. Maia, 37 anos, de São Paulo, mãe de Vinicius, 1 ano. Não é por acaso. “O inconsciente fica ativado em fases de transição, mudanças e momentos importantes. E a gravidez é um grande ciclo transformador. Essa pode ser a razão de os sonhos das gestantes serem tão marcantes”, explica Sâmara.
 
A escritora americana Tracie Hotchner, autora do best seller Pregnancy and Childbirth (“Gravidez e parto”, ainda sem tradução no Brasil), confirma que, na gravidez, os sonhos se tornam mesmo muito vívidos, especialmente no último trimestre. “Pense neles como mensagens, informações secretas sobre si mesma que, de outra forma, não seriam reveladas”, escreve a autora.
 
“Até o quarto mês, vivia sonhando com o mar causando inundações devastadoras, derrubando pontes e alagando ruas. Nessa época, eu chorava demais e estava superemotiva. Acho que a gravidez me ajudou a recuperar uma sensibilidade que andava sufocada”, lembra Milena. A maneira avassaladora como a água se manifesta nos conteúdos oníricos, na forma de tsunâmis e alagamentos, explica Marion, demonstra a profundidade da transformação pela qual você está passando. “Esses fenômenos revelam a força da natureza, algo que não se pode controlar, assim como a grávida também não controla as mudanças (de apetite, sono, ritmo, formas, humor) que experimenta”, compara a psicóloga.
 
O que as especialistas garantem é que, se usar os sonhos para estabelecer uma sintonia fina com a sua mente, você terá mais tranquilidade para esperar que a natureza cumpra seu papel. “Há um bebê em formação, mas também há uma mãe sendo gerada. Esse é um momento único, e a mulher que percebe a riqueza das suas transformações estará mais conectada e harmonizada com seus pensamentos e emoções”, afirma Sâmara.


Fonte: Revista saúde, editora abril

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