terça-feira, 14 de agosto de 2012

Pipoca: um estouro em antioxidantes e fibras

Estudo recém-saído do forno - ou seria da panela? - mostra que esse verdadeiro blockbuster das sessões de cinema concentra mais certos antioxidantes do que frutas e verduras. Sem contar a quantidade de fibras.


Um punhado de milho, um fiozinho de óleo e uma panela no fogo... Voilà! Bastam alguns minutos - e muitos "pops" - para a combinação resultar em massas brancas, pequenas e bem macias. É a famosa pipoca. Vira e mexe no centro de acaloradas discussões, ela costuma ser acusada de ser um tanto quanto traiçoeira para a saúde. A presença de gordura e o fato de nos incentivar a extrapolar nas pitadas de sal estão entre as principais queixas. No que depender da ciência, entretanto, a má fama está com os dias contados.

É que, se preparada corretamente - não vale apelar para a praticidade da versão de micro-ondas -, ela é uma explosão de benefícios, informação reforçada por um estudo recente da Universidade de Scranton, nos Estados Unidos. Segundo o time de cientistas, pasme, a pipoca reúne mais certos antioxidantes do que uma porção de frutas e verduras. Ou seja: ela seria uma aliada ardilosa na guerra contra os radicais livres, aquelas moléculas instáveis e perigosas que atacam as células e provocam desastres que vão de envelhecimento precoce a câncer. "Isso se deve à diferença entre a quantidade de água encontrada na pipoca, que é de 3 a 5%, e a detectada nos vegetais, que chega a 90%", informa Joe Vinson, líder do trabalho. Na prática, esses valores referentes à umidade revelam que no subproduto do milho os compostos fenólicos - benditos antioxidantes! - ficariam concentrados, enquanto nas outras classes alimentares eles apareceriam mais diluídos. "A pipoca é o único snack formado 100% pelo grão. Já os antioxidantes encontrados em outros produtos à base de sementes integrais, por exemplo, são removidos ou sofrem degradação durante o processamento."

Só para você saber - e não morrer mais de raiva -, as substâncias protetoras da saúde estão na casca, aquela capa que teima em ficar agarrada nos dentes. E, se o milho que levar para casa der origem a uma pipoca naturalmente amarela ou creme, bingo! Sinal de que a parte fofinha do alimento é ainda fonte de carotenoides. "Essas substâncias também atuam como antioxidantes e, no corpo, são convertidas em vitamina A", ensina a cientista de alimentos Maria Cristina Dias Paes, da Embrapa Milho e Sorgo, em Sete Lagoas, no interior de Minas Gerais. A transformação é ótima para o sistema imunológico e para os olhos, que ficam blindados contra degeneração macular relacionada à idade.
 Apesar de grudenta, a casca da pipoca está cheia de atributos. Afinal, nela também estão doses generosas de fibras, substâncias que contribuem para a formação do bolo fecal. "Para eliminá-lo com maior facilidade, é necessário aumentar o consumo de água", lembra a nutricionista Viviane Piatecka, do Conselho Regional de Nutricionistas da 3ª Região. O melhor é que o papel das fibras não fica restrito a dar um empurrão ao funcionamento do intestino. Elas também são reverenciadas por tornar a digestão mais lenta, prolongando, assim, a sensação de barriga forrada - uma vantagem e tanto para quem quer derrubar o ponteiro da balança.

Já na parte fofa e geralmente branca dessa pequena notável fica guardado outro amigão do organismo: o amido resistente. O nome, convém dizer, não foi dado à toa. Isso porque ele passa praticamente intacto pelo aparelho digestivo. Só no intestino grosso é que micro-organismos da flora o transformam em ácidos graxos de cadeia curta. "Eles deixam a área mais ácida, favorecendo a proteção contra células cancerosas. Por isso, o consumo de amido resistente tem sido associado à redução do risco de tumores no órgão", detalha Maria Cristina, da Embrapa.

Mas não vá achando que o sinal está verde para se entupir com a pipoca vendida no cinema ou a industrializada para micro-ondas. Essas são justamente as que merecem estar no banco dos réus - os motivos você conhece nos quadros à direita. O recomendado para se beneficiar das qualidades do alimento é prepará-lo na boa e velha panela, com só um pouquinho de óleo para não formar uma verdadeira bomba calórica. Se desejar, a gordura pode até ficar de fora da receita. "É só colocar uma porção de milho em um saquinho como aqueles para pão e vedá-lo na ponta. Depois, deixe por alguns minutos no micro-ondas", instrui Eduardo Sawazaki, pesquisador do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), no interior paulista. Está aí um lanche para ninguém botar defeito.

Recomendação de consumo diário 20g ou 1 xícara e meia (chá)

Barreira de proteção
Veja a diferença entre a quantidade de antioxidantes na maçã e na pipoca:

1 maçã média 256 mg x 2 colheres (sopa) do milho de pipoca 300 mg 

<i>Identifique onde estão seus principais componentes</i><br>A pipoca não deve substituir frutas e verduras. Isso porque elas contêm outras substâncias benéficas 


Raio X da pequena nutritiva

Identifique onde estão seus principais componentes
A pipoca não deve substituir frutas e verduras. Isso porque elas contêm outras substâncias benéficas.


<b>Sal:</b> coloque-o durante o preparo para ser bem incorporado à pipoca | <b>Milho:</b> a casca é dura, mas explode ao esquentar! A pipoca fica branca e cheia de amido resistente |<b>Óleo:</b> opte pelos vegetais ou azeite | <b>Mexa:</b> diminui o risco de deparar com milhos não estourados na panela


Porções para a família inteira

Sal: coloque-o durante o preparo para ser bem incorporado à pipoca | Milho: a casca é dura, mas explode ao esquentar! A pipoca fica branca e cheia de amido resistente |Óleo: opte pelos vegetais ou azeite | Mexa: diminui o risco de deparar com milhos não estourados na panela.

Evite a porção gigante vendida em cinemas.

Um balde de encrencas

Evite a porção gigante vendida em cinemas. "Ela tem bastante óleo e manteiga, o que aumenta seu valor calórico e reduz o teor nutritivo", informa a nutricionista Andrea Uzeda, da Clínica Dicorp, no Rio de Janeiro.

A pipoca de micro-ondas é rica em gordura trans, que eleva o colesterol ruim, o LDL, e diminui o bom, o HDL.  

O preço da praticidade

A pipoca de micro-ondas é rica em gordura trans, que eleva o colesterol ruim, o LDL, e diminui o bom, o HDL. "A versão light tem menos calorias, mas a gordura ainda está lá", alerta a nutricionista Viviane Piatecka.



Fonte: Revista saúde, editora abril

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