Entenda de que maneira eles oscilam durante a gestação e saiba lidar com as profundas mudanças que acarretam no seu corpo.
As variações hormonais no corpo da mulher, durante a gravidez, provocam
profundas alterações, tanto físicas como emocionais. Lidar com elas é
um dos principais desafios de qualquer casal que esteja esperando um
bebê. Mas isso não é necessariamente um bicho de sete cabeças, como
muitos acreditam. Basta entender um pouco melhor o que se passa com a
gestante e perceber que essas moléculas estão mais para aliadas do que
para vilãs. Sem deixar de considerar que o nível de alguns hormônios,
como o do estrogênio, pode aumentar 30 vezes e isso tem reflexos no dia a
dia da mulher. Veja algumas dicas para enfrentar essa verdadeira
enxurrada de hormônios.
Fim do ciclo menstrual e início da gravidez
Os dois hormônios que dominam no ciclo menstrual são o estrogênio e a
progesterona. Ambos têm a função de preparar o corpo feminino para uma
possível fertilização. Em geral, antes da ovulação, há a predominância
de estrogênio e, após a ovulação, a taxa de estrogênio cai e cede espaço
para a progesterona. Após a queda do nível de progesterona, a mulher
menstruará e renovará o ciclo. Se a taxa desse hormônio não diminuir,
significa que a mulher engravidou. Em um ciclo regular, a ovulação
ocorre entre o 12º e o 16º dia, contados a partir do primeiro dia de
menstruação.
Hormônio beta-HCG, para saber se está grávida
Hormônio produzido pelo ovário logo após a concepção, tem o nome
científico de gonadotrofina coriônica. A detecção de sua presença no
organismo é o indício em que se baseia grande parte dos testes de
gravidez. Associado à progesterona, o beta-HCG tem um papel importante
na manutenção da gravidez durante o primeiro trimestre.
Hormônio progesterona, a responsável pelos enjoos
No primeiro trimestre da gestação, a placenta ainda está em formação e o
que mantém o metabolismo da gravidez é a progesterona, produzida pelo
ovário em altas doses. Após esses três meses, a placenta assume o
controle. A taxa de progesterona varia de mulher para mulher e de
gravidez para gravidez. De acordo com os médicos, quando esse nível é
baixo, as chances de aborto na fase inicial da gravidez e de parto
prematuro aumentam. A progesterona também é a responsável pelos famosos
enjoos da gravidez. Como se não bastasse, ela provoca sono, salivação e
alteração de humor. Algumas mulheres até emagrecem nessa fase por causa
dos vômitos. Também é comum que ocorram inchaços no corpo, mesmo no
início da gravidez. Porém é bom lembrar que muitas mulheres retêm
líquidos mesmo antes de engravidar. Durante o ciclo, na fase
pré-menstrual, a prática de atividade física ameniza a retenção hídrica,
além de aliviar os sintomas da TPM (tensão pré-menstrual). No início da
gravidez, no entanto, mesmo exercícios físicos leves costumam ser
desaconselhados devido ao risco de abortamento. A partir do terceiro
mês, em compensação, a prática de hidroginástica, natação, esteira,
bicicleta ergométrica, ioga e pilates é muito indicada. Para evitar o
inchaço demasiado, é importante que a gestante fique atenta à
alimentação, pois o ganho excessivo de peso pode facilitar a retenção
hídrica. A dica é seguir uma dieta rica em proteínas, pouco carboidrato e
muitas frutas e verduras.
Hormônio estrogênio e os surtos de calor e rinite
O estrogênio tem uma atuação importante no sistema circulatório. Ele
favorece a dilatação dos vasos e prepara o corpo da mulher para o
aumento do volume de sangue em veias e artérias. Após a formação da
placenta, no final do primeiro trimestre, o nível do estrogênio atinge
índices até 30 vezes superiores às taxas anteriores à gravidez. Toda
essa dilatação vascular contribui para a gestante apresentar sintomas de
rinite, maior tendência a ter calor e até dores de cabeça. Outra função
do estrogênio é a dilatação e o crescimento das glândulas mamárias para
a futura amamentação. Pode ocorrer também uma relação direta no aumento
da libido da mulher. Não raro, ela tem desejos sexuais durante a
gravidez e o homem não corresponde por receio de machucar a esposa e seu
bebê. Na adolescência feminina, o estrogênio é o hormônio de maior
importância. É ele quem define as características dos órgãos sexuais
femininos (pilificação, mamas, vagina) e também tem uma atuação
importante na feminilidade, no brilho do cabelo, na textura da pele e
até no timbre da voz.
Prolactina: hormônio do leite a caminho
Produzido pela placenta, é um hormônio que, associado a outro, chamado
lactogênio placentário, tem a responsabilidade de deixar as glândulas
mamárias aptas para a futura produção de leite. A ação desses hormônios
começa a aumentar a partir do segundo trimestre de gravidez. Ao final da
gestação, a atividade, tanto da prolactina quanto do lactogênio, é tão
intensa que a gestante só não produz leite antes do parto porque a alta
taxa de estrogênio no organismo corta essa possibilidade. É importante
considerar que a prolactina interfere na disposição sexual da mulher ao
reduzir a libido e ressecar a vagina. Mas esse efeito é mais intenso
depois do parto, durante a amamentação.
Alterações metabólicas
Com a ação dos hormônios durante a gravidez, também há tendências de
elevação nos índices de glicose e de triglicérides em razão das
necessidades nutricionais do bebê. É preciso fazer o monitoramento da
glicemia para diagnosticar precocemente uma eventual ocorrência de
diabetes gestacional, que colocará em risco a saúde da mulher e do bebê.
A principal prevenção para evitar o diabetes gestacional é não obter um
aumento excessivo de peso no período. A pressão arterial também fica
alterada durante a gravidez e as referências do que é ou não normal
mudam. Por isso o médico faz sempre um acompanhamento.
Oscilações de humor
As alternâncias de humor, pela descarga de hormônios, são muito comuns
na gravidez, sobretudo no primeiro trimestre – a partir do quarto mês, a
gestante já começa a sentir seu bebê mexer e fica mais segura em
relação ao bem-estar dele. O impacto das alterações emocionais pode ser
minimizado com um pré-natal bem feito e, eventualmente, com medicações
fitoterápicas, conforme a orientação do médico. Algumas gestantes podem
precisar de apoio profissional para lidar melhor com suas emoções.
Tratar os sintomas das mudanças hormonais ajuda a aliviar o mau humor.
Usar sutiãs mais justos previne dores nas mamas. Medicamentos
antieméticos, sob a orientação médica, minimizam crises de vômito. Para
dores no corpo, as massagens são uma ótima pedida. Para inchaço,
drenagem linfática. E assim por diante.
A partir do segundo trimestre, as dores nas costas aumentam a irritação
da gestante. A origem do problema é uma mudança no eixo de equilíbrio
causada pelo rápido crescimento do útero. A altura e o peso da gestante
também interferem na intensidade da dor, assim como a quantidade de
bebês no útero. Quanto maior o ganho de peso e mais sedentária for a
gestante, pior será o desconforto, daí a necessidade de um controle da
dieta e de prática de exercícios físico, de preferência os de baixo
impacto.
Nos últimos meses de gravidez, a variação de humor tende a ser a mais
intensa diante das inúmeras limitações para fazer coisas básicas, como
andar, dormir, tomar banho, se vestir, ir ao trabalho. Nessa fase, ao se
olhar no espelho e se sentir obesa e cheia de estrias, a mulher tende a
ter problemas de autoestima, o que pode provocar crises emocionais
piores.
O principal remédio para combater os efeitos colaterais dos hormônios
na gravidez é planejar a chegada de um filho. A compreensão e a
participação do marido e da família também são de extrema importância
nessa fase, fazendo com que a mulher se sinta mais segura e amparada
para enfrentar o desafio de ser mãe. Tudo começa com escolha de um
médico obstetra de confiança, que acompanhe a gravidez durante os nove
meses, sem traumas e com boas lembranças. Alguns especialistas defendem,
inclusive, que a gestação ideal é aquela que começa meses antes da
fecundação.
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