Adoçantes sem segredos
Eles são unanimidade na mesa de quem quer maneirar no açúcar. Por causa dos mitos que rondam seu consumo.
Quando bate o desejo de levar uma vida mais equilibrada, a maioria das
pessoas não demora a trocar o açúcar de mesa pelo adoçante. Aliás, do
nicho de alimentos considerados saudáveis, ele é o que mais faz sucesso
entre os brasileiros. Segundo levantamento da empresa de pesquisas
Kantar WorldPanel, os edulcorantes — como também são conhecidos — marcam
presença em 30,8% dos lares, seguidos por bebidas de soja (18%) e
iogurtes funcionais (15%).
De olho nessa grande aceitação, a
Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e
Congêneres (Abiad) desenvolveu uma cartilha chamada Adoçantes — Tire
Suas Dúvidas. Lançado em setembro, durante o XV Congresso Brasileiro de
Nutrologia, em São Paulo, o material esclarece diversos questionamentos
que o produto ainda gera, como seu papel no ganho de peso e até no
surgimento de tumores. Para que as suspeitas não azedem sua relação com o
substituto do açúcar, também abordamos algumas das dúvidas mais
relevantes.
Para quem é recomendado
O
adoçante artificial surgiu no início do século passado tendo como
público-alvo a turma que tem diabete. é que os portadores dessa doença
não produzem insulina, ou pelo menos resistem à ação desse hormônio, e,
daí, o açúcar não adentra as células — fica boiando na circulação. “mas,
aos poucos, o mercado se expandiu para atender também aqueles que
desejam cuidar da forma física”, conta a bioquímica aureluce demonte,
professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade
estadual de São Paulo. no caso dos alimentos industrializados, é preciso
bastante atenção. “ao serem processados, muitos produtos perdem o
açúcar e, no lugar, ganham mais gordura”, diz a bioquímica. Portanto,
não confunda: o produto diet, que leva um adoçante em substituição ao
açúcar natural, é indicado apenas para quem é diabético e não arrisca
ficar com a glicose nas alturas. Já no produto light há uma diminuição
de açúcar ou de gordura e, por isso, seu uso é aconselhado para o
pessoal que segue uma dieta restritiva pelo bem da cintura fina.
As contraindicações
Alguns
tipos de adoçante não são bem-vindos a grupos específicos. Um exemplo é
o aspartame, que nunca deve ser consumido por quem tem uma doença
genética chamada fenilcetonúria. “isso porque ele tem fenilalanina, um
aminoácido que os portadores desse problema não conseguem metabolizar”,
explica a nutricionista Juliana da Cunha, professora da Universidade
Federal de Goiás. outros adoçantes, como a sacarina e o ciclamato,
também devem ser vistos com cautela, sobretudo por hipertensos. isso
porque a dupla carrega sódio na fórmula. Quando esse mineral se acumula
no sangue, a pressão sobre as artérias sobe que nem foguete, aumentando o
risco de complicações cardiovasculares. “as gestantes e crianças também
precisam de orientação especial antes de usar qualquer tipo de
edulcorante”, lembra a nutricionista nairana borim, do Hospital alemão
oswaldo Cruz, em São Paulo.
Artificiais versus naturais
Adiferença
entre as duas versões está, basicamente, na forma de obtenção. enquanto
os adoçantes naturais são provenientes de plantas, os artificiais são
produzidos quimicamente, dentro do laboratório. no quesito saúde, não se
deixe enganar: nenhum deles é considerado mais benéfico. “ambos passam
pelos mesmos critérios de análise antes de serem liberados para a
população. Portanto, dá para dizer que todos são igualmente seguros”,
afirma a nutricionista adriana alvarenga, representante da abiad, na
capital paulista.
Engorda?
“Não. o ganho
de peso é resultado de um descompasso entre a ingestão e o gasto de
calorias”, sentencia aureluce demonte. ou seja: por si só, o consumo do
adoçante não é capaz de fazer o ponteiro da balança disparar. ele até
ajuda a desinflar os pneus, porque tende a reduzir o valor calórico dos
alimentos. mas o bom senso é sempre bem-vindo. “de nada adianta usar o
adoçante e comer em dobro”, diz veridiana de rosso, engenheira de
alimentos e professora da Universidade Federal de São Paulo.
Vontade de atacar a geladeira
Algumas
evidências apontam que o adoçante não é tão eficaz quanto o açúcar na
hora de liberar estímulos relacionados à saciedade. assim, ao ingeri-lo,
a tendência seria multiplicar as porções dos alimentos ou sentir uma
vontade maluca de abocanhar doces. “o fato é que a composição total da
dieta também interfere nessa resposta do organismo”, ressalta Juliana da
Cunha. logo, é cedo para culpar os edulcorantes pelos surtos de gula.
“muitas vezes, a pessoa come em maior quantidade por achar que pode
compensar, e não por causa do adoçante em si”, pondera nairana borim.
Causa câncer?
Essa
dúvida começou a amedrontar meio mundo quando foi divulgado um estudo
associando o uso de sacarina a uma maior incidência de tumor de bexiga
em cobaias. “isso, no entanto, nunca foi comprovado em seres humanos”,
avisa aureluce demonte. Quem também se posiciona é adriana alvarenga:
“além de serem feitas com animais, essas pesquisas normalmente utilizam
uma dose enorme de adoçante, muito difícil de atingir no dia a dia”. as
especialistas ainda frisam que o câncer é uma doença multifatorial —
isto é, a combinação entre herança genética e exposição a agentes
cancerígenos, por exemplo, tem influência no quadro. moral da história:
não faz sentido, até o momento, culpar os emuladores do açúcar pelo
desenvolvimento de um tumor.
O melhor adoçante
Como
ficou claro, todos são livres de risco. então, ao julgar qual é mais
vantajoso, geralmente são avaliadas características como sabor e
versatilidade. nesses pontos, a sucralose parece ganhar. afinal, seu
gosto é bem semelhante ao do açúcar, não deixa sabor residual, a
solubilidade em água é alta, pode ir ao forno e é isenta de calorias. o
ciclamato e a sacarina, por outro lado, fazem as pessoas de paladar mais
sensível torcerem o nariz. Já o problema do aspartame é que não cai bem
em receitas quentes: “em altas temperaturas, ele perde o poder de
adoçar”, informa veridiana de rosso. essas e outras curiosidades sobre
os adoçantes mais consumidos estão no quadro à direita.
Os principais tipos
Fonte: Revista saúde, editora abril
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