Fome e cólica estão entre as principais causas do berreiro. Saiba como detectar e resolver esses e outros incômodos.
Imagine passar nove meses em um lugar muito aconchegante onde nunca
falta carinho e muito menos alimento e, de um dia para o outro, perder
todas essas regalias. Não parece nada fácil e, embora todos tenhamos
passado por isso, é impossível lembrar o que sentimos em nossos
primeiros dias de vida. “O recém-nascido não tem condições de manifestar
intencionalmente suas necessidades. Seu organismo permite comunicar que
algo não está bem apenas por meio do choro”, afirma Tereza Hatae Mito,
professora do curso de Psicologia da Universidade Presbiteriana
Mackenzie, em São Paulo. Assim, para a maioria dos pais, é difícil
entender quais os anseios do bebê em cada situação. Conversamos com
especialistas para ajudar na árdua da tarefa de decifrar as principais
necessidades expressas pelo pranto.
Os recém-chegados precisam dormir cerca de 18 horas por dia. “No
início, é comum que “briguem” com o sono, pois este é um período de
adaptação. Eles ficam bastante chorosos durante esse processo e cabe aos
pais garantir um local tranquilo e com meia luz, o que os ajuda a
iniciar o sono”, indica Wilma. Mudanças de ambiente e ruídos excessivos
são fatores que também podem atrapalhar o sono dos pequenos, de modo que
a rotina, especialmente nos primeiros meses, é extremamente importante.
Ficar agitado, manhoso, e derramar lágrimas carregadas de nervosismo e
irritação são outros sinais de que algo o está impedindo de dormir com
os anjos.
O pranto pode indicar desconforto térmico, principalmente porque o
recém- nascido ainda não é capaz de manter a temperatura corporal.
Assim, vale a orientação de que os bebês devem usar apenas um abrigo a
mais em relação ao que a mãe estiver vestindo. Nessa situação, o choro é
bem semelhante ao provocado pelo sono, que transmite desconforto.
Como agir
A primeira atitude frente a um bebê que chora é marcar presença por
meio da voz e do toque, de acordo com a psicóloga do Mackenzie. “Muitas
vezes, quando ele já reconhece a voz da mãe, basta sentir que ela está
por perto para que se acalme, pois se sente desprotegido e angustiado
quando dá conta de sua falta”, diz. Isso acontece porque, no início da
vida, não se tem a noção clara do que é parte de si e do outro – o bebê
ainda não se diferencia da mãe.
Dessa forma, ele precisa de muita atenção e do atendimento imediato de
suas necessidades. “Mas conforme se desenvolve, ele vai aprendendo a
tolerar esperas e frustrações”, afirma Tereza. Já com o pequeno no colo,
a mãe deve verificar se suas necessidades básicas foram supridas: se
dormiu o suficiente e se está bem alimentado, limpo e vestido de acordo
com a temperatura ambiente. “Em geral, quando se trata de uma demanda
rotineira, o choro cessa depois de o bebê ser acudido, mas, como há
vezes em que o incômodo persiste, é importante também levantar hipóteses
como dores ou algo que possa tê-lo assustado”, orienta Tereza.
A pediatra Wilma Hossaka sugere, ainda, que os pais observem se o filho
está respirando normalmente e se a tonalidade da pele continua a mesma.
À medida que os primeiros (longos) dias passam, essas verificações
começam a ocorrer de forma mais automática, pois a mãe vai desenvolvendo
a capacidade de decodificar os desejos do bebê. Aos poucos, ela percebe
que a intensidade e duração do choro, a movimentação e a expressão do
bebê mudam de acordo com aquilo que ele está “pedindo” e, assim, cria-se
um canal de comunicação. “Mas esse tempo varia conforme a sensibilidade
da mãe”, ressalta Tereza.
Transparência
Cada bebê tem uma maneira de demonstrar seus desejos, mas algumas
manifestações são comuns à maioria deles, como as “caretas” de dor, por
exemplo. “A expressão facial é muito reveladora e dificilmente um recém-
nascido consegue “camuflar” seus sentimentos”, afirma a professora.
Atenção!
“Sempre que o choro é prolongado, não há fome e já foram realizados os
ajustes para alívio das causas mais frequentes, deve-medir a temperatura
da criança e verificar a presença de alterações na pele, nos membros e
na cabeça, além de checar sinais de traumatismo”, recomenda Paulo Taufi
Maluf Jr. É importante averiguar, também, se o choro acompanha sinais de
infecção, tais como febre, vômitos, tosse e diarreia.
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