O assunto pode não ser dos mais agradáveis, mas é
pra lá de importante. As mães de primeira viagem devem se acostumar a
prestar atenção nas trocas de fraldas. E, àquelas já habituadas com o
assunto, o conselho é ficar de olho nos sinais de mudança. Afinal, o
cocô diz muito sobre o andamento do organismo do bebê, principalmente no
que diz respeito ao sistema digestivo.
Um cocô para cada fase
Nas primeiras vezes que o bebê evacua, logo após o parto, o cocô
apresenta coloração verde-escura. Isso é o que os médicos chamam de
‘fezes meconiais’. “O mecônio é uma substância de cor verde bem escura.
Produzido pelo feto durante a gestação, é expelido nas primeiras horas
de vida”, explica Henrique Gomes, endócrino pediatra do Hospital Santa
Lúcia, de Brasília.
Nas primeiras 72 horas após o parto, as mamas produzem o colostro, um
leite amarelado e grosso, que sai em pequenas quantidades. O líquido é
rico em substâncias que favorecem o crescimento e estimulam o
desenvolvimento do intestino do bebê, preparando-o para digerir e
absorver o leite – que virá nas próximas horas. “O colostro é laxativo e
auxilia a eliminação do mecônio”, diz o médico.
Com o passar do tempo, o bebê entra em um período de transição. Cerca
de três dias após o nascimento, as fezes passam a ter um tom marrom
bastante escuro, ficando assim até o sexto dia de vida. Quando o bebê
completa uma semana, o cocô passa a ser mais amarelado e a ter
consistência semi-líquida, com alguns grumos, ou seja, pequenas partes
mais consistentes. “Esta fase dura até o sexto mês de vida, quando o
bebê é apresentado a novos tipos de alimentos”, esclarece o pediatra
Francisco Lembo, do Hospital Samaritano, de São Paulo.
“Até mais ou menos o primeiro mês, o bebê evacua todas as vezes que
mama, por reflexo. Após este período, a criança entra no ritmo
biológico, ou seja, uma, duas ou até três vezes ao dia”, explica o
médico paulista. Encher as fraldas passa a acontecer de acordo com a
necessidade do corpo da criança. E existem casos que elas ficam até seis
dias sem evacuar – principalmente quando o alimento exclusivo é o leite
materno. Tudo isso é normal, desde que não haja incômodo nem dor para o
bebê.
Quando a criança completa o primeiro semestre, a mãe pode introduzir
papinhas na alimentação dela. Frutas, verduras, legumes, carnes e ovos
serão responsáveis por modificar a aparência, textura e até o cheiro das
fezes da criança. “Com novos alimentos na dieta, as fezes se tornam
menos pastosas e um pouco mais consistentes. A coloração atinge um
padrão um pouco mais escuro, em virtude da degradação dos alimentos, mas
ainda difere daquelas crianças com aceitação alimentar completa, que
acontece entre dez e doze meses”, elucida o endócrino pediatra.
Quando a criança completa um ano, ela já desenvolveu habilidades como
mastigação, deglutição, digestão e excreção. Assim, seu organismo
assimila o que é necessário, e elimina o que não é. Neste momento, as
fezes passam a ser um pouco mais escuras.
Cores do cocô
Aprenda a analisar a tonalidade das fezes do pequeno e entender o que elas indicam
Logo após o parto, o cocô do recém-nascido apresenta coloração verde-escura. São as chamadas fezes meconiais.
Do terceiro ao sexto dia de vida, o bebê passa a ter fezes mais
escuras. E, se amamentado somente com leite materno, tende a evacuar
após cada mamada.
Depois da primeira semana de vida, o cocô passa a ter cor mais
amarelada. As evacuações acontecem conforme a necessidade da criança.
Enquanto algumas eliminam várias vezes ao dia, outras ficam quase uma
semana sem fazer cocô.
Ao chegar aos seis meses, o bebê passa a ingerir alimentos variados.
Frutas, verduras, legumes e carnes modificam a aparência do cocô,
deixando-o levemente mais escuro.
Perigo! Isso vale para qualquer idade: se as fezes ficarem
esbranquiçadas, é hora de procurar ajuda médica. Elas podem simbolizar
algum problema no fígado ou na vesícula.
Para cada leite, um cocô
“Os bebês alimentados com fórmulas tendem a evacuar com menos
frequência e suas fezes são mais endurecidas”, diz Antonio Carlos
Turner, pediatra do Hospital Balbino, do Rio de Janeiro. Isso acontece
porque, diferentemente do leite materno, com as fórmulas artificiais não
há digestão completa do leite. Por isso, é tão importante respeitar as
proporções de água e produto especificadas na embalagem.
Problemas com o cocô
Dores, desconforto ou dificuldades para evacuar sempre merecem atenção
por parte dos pais. “Anormalidades como a presença de sangue nas fezes
podem ser indicativo de colite alérgica, uma reação que ocorre no
intestino. Fezes esbranquiçadas ou com pontos brancos são indicativas de
doenças no fígado ou na vesícula”, diz o endocrinologista infantil
Henrique Gomes.
Quando há três ou mais evacuações líquidas ou semi-líquidas dentro de
24 horas é caracterizado o quadro de diarreia. As causas variam desde
contágio por rotavírus à contaminação da fórmula láctea por bactérias.
Muitas vezes, nos casos de diarreia viral, as fezes são de cor
esverdeada.
Já se o problema é a prisão de ventre, alguns alimentos devem
consumidos com moderação pelas crianças. Banana, maçã, arroz podem ser
oferecidos sem exagero, já que tendem a inibir as atividades
intestinais. Além disso, vale enriquecer a alimentação dos pequenos com
itens cheios de fibras e, sempre que possível, recomendar a ingestão de
líquidos.
Fonte: bebe.com
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