terça-feira, 31 de julho de 2012

A melhor vitamina E está no prato

Ela protege ou não contra o câncer? Segundo uma pesquisa recente, o nutriente é parceiro. Mas só quando vem dos alimentos.

Vira e mexe a substância agita o universo científico. Enquanto alguns estudos afirmam que ela é capaz de reduzir o risco de desenvolvimento de câncer, outros trabalhos mostram o oposto, ou seja, que a vitamina E não proporciona tal benefício. E pior: até estimularia a proliferação de células cancerosas. Agora, uma nova pesquisa publicada na revista científica Cancer Prevention Research reacende o debate, sugerindo uma explicação para dados tão contraditórios. De acordo com os cientistas da Rutgers - The State University of New Jersey, nos Estados Unidos, duas formas de vitamina E, chamadas gama e delta-tocoferol, teriam ação protetora. Encontradas em alimentos como soja, óleo de canola, milho e nozes, elas evitaram a formação e o crescimento dos tumores de cólon, mama, próstata e pulmão em cobaias.

Na contramão estaria a versão alfa-tocoferol, geralmente usada como ingrediente dos suplementos. Essa, sim, afirmam os pesquisadores, não mostrou serventia nenhuma para a saúde. Isso explicaria por que um estudo denominado Select - que acompanhou mais de 35 mil homens nos Estados Unidos, no Canadá e em Porto Rico por aproximadamente cinco anos - chegou a evidenciar um aumento na ocorrência de câncer de próstata entre os indivíduos que consumiam a vitamina E encapsulada. "Vale ressaltar que, nessa análise, a dose diária foi muito maior do que a recomendada", observa Thomas Ong, professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (FCF-USP).

Deve-se levar em conta também que as pessoas não têm genes idênticos nem cultivam os mesmos hábitos. "Portanto, é preciso cautela antes de culpar os suplementos pelo surgimento da doença", defende Elaine Cristina Pinto Moreschi, professora de bromatologia das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), na capital paulista - essa ciência estuda integralmente os alimentos. De qualquer forma, a conclusão dos cientistas de Rutgers aponta para um caminho indiscutivelmente seguro e eficiente: a vitamina tem de vir de uma dieta equilibrada. "Os autores conseguiram demonstrar que o nutriente originário de alimentos como os óleos vegetais têm ação preventiva contra o câncer. Dessa forma, a suplementação deixaria de ser tão necessária", reflete a especialista. Ao recorrer às cápsulas, convém destacar, o organismo fica exposto aos efeitos de apenas um composto, o que em longo prazo pode não ser tão benéfico como o esperado.

Diferentes facetas

O curioso fato de que é possível encontrar mais de um tipo de vitamina E - só para constar, são oito versões - é outro ponto que merece atenção em meio ao bafafá. "As estruturas químicas apresentam pequenas variações e, por isso, elas acabam agindo de formas tão distintas. Sem contar que há particularidades em relação ao funcionamento de cada tipo no organismo", informa Ong. "Trata-se de um importante aspecto a ser considerado ao estudar a relação entre o nutriente, seus ganhos e ameaças à saúde."

Segundo Eliana Vellozo, pesquisadora em deficiência de micronutrientes da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), uma coisa é certa: a carência de vitamina E no organismo é muito rara. "Só acontece na presença de determinadas anormalidades genéticas ou quando o indivíduo tem dificuldade em absorver gordura", informa. Para ter ideia, de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa, um adulto precisa de aproximadamente 10 miligramas do nutriente por dia para viver bem. "Uma alimentação balanceada, com óleos vegetais, nozes, legumes, oleaginosas e carnes, já é capaz de suprir a quantidade de consumo recomendada", garante Elaine. Mais um motivo para pensar duas vezes antes de se entupir de suplementos.

Cápsulas na dose certa Em algumas situações, os suplementos de vitamina E - substância com ação antioxidante - podem ser bem-vindos à rotina. "Muitos idosos têm problemas para absorver nutrientes", exemplifica Elaine Moreschi, professora de bromatologia da FMU. Aí, o mais adequado é ser acompanhado por um médico ou nutricionista. "Dessa forma, dá para ajustar tanto a dose como a frequência de ingestão", informa.


Fonte: revista saúde. editora abril 

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