Para atenuar a ansiedade da espera pela cegonha, montamos um verdadeiro
dossiê sobre concepção. Ele irá ajudá-la a esclarecer suas dúvidas e
contornar inseguranças enquanto o sonho da maternidade não se concretiza.
1. Estou tentando engravidar. Quando devo procurar um médico?
“Um casal saudável, que mantém relações sexuais regulares, pelo menos
de 2 vezes por semana, tem cerca de 25% de chance de engravidar a cada
ciclo ovulatório”, estima o ginecologista Mario Cavagna, da Comissão de
Reprodução Humana da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia
e Obstetrícia (Febrasgo).
Na prática, isso significa que um ano é um prazo razoável para
aguardar a boa nova sem suspeitar de um problema defertilidade. Essa é a
orientação da Organização Mundial de Saúde desde que, obviamente, não
haja sintomas ou histórico de doenças que justifiquem antecipar a visita
ao médico.
“Irregularidade menstrual, infecções pélvicas, dor durante o sexo,
assim como episódios de caxumba ou varicocele no parceiro merecem podem
dificultar a concepção e por isso pedem uma avaliação imediata”, avisa o
obstetra Cesar Eduardo Fernandes, presidente da Associação de
Ginecologia e Obstetrícia de São Paulo.
Aos 35 anos, a taxa de fertilidade feminina cai. Por isso, caso não
engravidem em 6 meses, as mulheres já devem procurar um especialista e
checar se está tudo em ordem para a chegada do bebê.
2. O estresse dificulta a gravidez?
“Evidências científicas mostram que o tabagismo, o consumo excessivo
de álcool, de drogas, a obesidade e o estresse podem comprometer a
capacidade reprodutiva”, alerta Cavagna.
Segundo o médico, os nervos à flor da pele impactam no sistema
límbico, área do cérebro onde se processam as emoções. E ele se localiza
bem próximo ao hipotálamo, região que comanda a liberação de hormônios
envolvidos na ovulação, o FSH e o LH.
O recado é claro: em vez de se deixar consumir pela ansiedade, as
mulheres que pretendem engravidar devem investir na prática de
exercícios físicos e atividades de relaxamento, como ioga ou Pilates.
Esbanjar quilos extras é outro entrave para as futuras mães.
“O tecido adiposo, aquele repleto de células de gordura, produz
hormônio feminino, o estrogênio. Há indícios de que, em alguns casos,
isso desequilibre a produção natural”, justifica Cavagna.
Mais um motivo para abandonar o sofá e mexer o corpo.
3. Quem sempre tomou pílula anticoncepcional tem mais dificuldade para engravidar?
Se você sempre tomou pílula anticoncepcional, talvez precise de um
pouquinho mais de paciência. “Algumas mulheres podem demorar de um a
três meses para que a fertilidade se restabeleça”, avisa Cavagna. Porém,
essa não é a regra. Em geral, a ovulação costuma ser recuperada logo
que a medicação é interrompida.
4. Por que quem tem a intenção de engravidar deve tomar ácido fólico?
Essa vitamina, também conhecida como B9 e folato, é pré-requisito para quem pretende gerar um filho. Ela previne malformações
e participa do desenvolvimento do sistema nervoso do feto, principalmente nas primeiras semanas de gestação.
Segundo a nutricionista Renata Cristina Gonçalves, de São Paulo,
deve-se iniciar a suplementação do nutriente três meses antes da
gravidez e mantê-la até a barriga completar o primeiro trimestre. Sob
orientação médica, claro.
5. Por que a fertilidade feminina vai diminuindo com o passar dos anos?
Ao contrário dos homens, cuja produção de espermatozoides acontece o
tempo todo, a mulher nasce com uma quantidade estabelecida de
aproximadamente 1 milhão de óvulos
e os perde com o passar dos anos.
Quando menstrua pela primeira vez, este número já está reduzido a
cerca de 400 mil. A qualidade dessas “unidades reprodutivas” também
sofre a ação do tempo.
Tudo isso faz com que a probabilidade de engravidar a cada ciclo
ovulatório entre em declínio à medida que a idade avança, conforme
mostra o gráfico:
6. E se eu não conseguir engravidar em um ano?
Espera-se que, no prazo de 12 meses, 85% dos casais em idade fértil consigam encomendar o novo membro da família.
Caso a empreitada não seja bem-sucedida, é provável que
um dos parceiros ou ambos se enquadrem no grupo
de 10 a 15% da população adulta com
problemas de infertilidade.
um dos parceiros ou ambos se enquadrem no grupo
de 10 a 15% da população adulta com
problemas de infertilidade.
Não há, porém, motivo para entregar os pontos. Grande parte
desses distúrbios é reversível e ainda existe a possibilidade de
recorrer à reprodução assistida.
7. Quais são as primeiras providências?
Para viabilizar a gravidez, é essencial que não só a mulher mas também o homem encare um check-up médico.
Dados internacionais mostram que 40% dos casos de infertilidade do casal se devem a alterações masculinas; 40%, femininas e,
em 20% das situações, o distúrbio é compartilhado.
Por isso, convença seu parceiro sobre a importância de se submeter à avaliação.
8. Como identificar e tratar a infertilidade masculina?
Dosagem hormonal, exame clínico e um espermograma estão entre os testes de praxe.
O objetivo é verificar se o candidato a pai produz espermatozoides
em concentração, motilidade e morfologia adequados para que a fecundação
ocorra.
Algumas das falhas na fabricação de gametas têm solução cirúrgica.
Outras, infelizmente, não. Mas há casos em que a reprodução assistida
consegue dar uma forcinha aos espermatozoides mais espertos entre os
preguiçosos, como explicaremos adiante.
Acesse o link para mais informações sobre infertilidade masculina.
9. Quais as principais causas de infertilidade feminina?
Entre as mulheres, uma série de disfunções hormonais e funcionais podem estar por trás da dificuldade de conceber um filho.
“Entre as mais frequentes, estão a endometriose, crescimento
anormal do tecido que reveste o útero, para fora dessa cavidade”,
explica César Eduardo Fernandes.
“A Síndrome dos Ovários Policísticos, distúrbio em que há aumento
na produção de hormônios masculinos, também afeta a ovulação”,
Ele acrescenta que problemas nas trompas e infecções pélvicas como
clamídia e gonorréia, podem promover uma obstrução que requer cirurgia
para recuperar a capacidade fértil da mulher.
Desequilíbrios hormonais provocados por hipotireoidismo, tumores de
hipófise, entre outros, completam a lista de obstáculos que precisam
ser tratados previamente.
Se houver suspeita, o médico pode lançar mão de exames que ajudam a
flagrar o verdadeiro culpado. Leia mais sobre os principais testes.
10. Será que devo recorrer à reprodução assistida?
A reprodução assistida é a maior esperança de aumentar a família, no
caso de insucessos consecutivos na concepção natural, seja por
impedimentos fisiológicos, seja devido à idade avançada. Mulheres mais
jovens têm até 50% de chance de engravidar no primeiro tratamento.
Aos 40 anos, a probabilidade cai para 20% e continua declinando a
partir daí. Existem critérios bem definidos para a eleição de cada
método. Fique por dentro e discuta com seu médico qual o mais apropriado
para você:
Inseminação artificial:
Depois da coleta do sêmen pelo próprio homem, os espermatozoides
são preparados em laboratório e, no período de ovulação, injetados
dentro do útero.
O objetivo dessa técnica é promover o encontro do gameta masculino
com o óvulo, driblando eventuais barreiras no aparelho reprodutor da
mulher e melhorando a agilidade dos espermatozoides.
"Embora esse tratamento seja menos invasivo e mais barato do que
uma fertilização in vitro, ele é não é tão eficaz e requer uma boa
permeabilidade tubária da mulher, além de espermatozoides de qualidade e
quantidade aprovadas em um teste prévio
de laboratório", ressalva Mario Cavagna.
Indução de ovulação:
Consiste na administração de hormônios femininos injetáveis ou orais, com o objetivo de estimular a liberação do óvulo.
Por meio de ultrassonografia, é possível monitorar a resposta dos
ovários aos estímulos. É indicado em situações de falhas na ovulação.
Fertilização in vitro (FIV):
A mulher que opta por essa técnica precisa enfrentar quatro etapas. Primeiro, recebe medicamentos para estimular a ovulação.
Em seguida, o especialista aspira os óvulos, por meio de uma agulha
introduzida no canal vaginal, com anestesia local e sedação.
Paralelamente, os espermatozoides são colhidos. Depois de
analisá-los e prepará-los, o cientista fertiliza o óvulo em laboratório.
Se o procedimento for bem-sucedido, o embrião é transferido para o
útero. O método é indicado em casos de problemas nas trompas, como
sequelas de infecções ou endometriose, e para pacientes que foram
submetidas à laqueadura.
Como pré-requisitos, pelo menos um ovário deve responder à indução da ovulação e a cavidade uterina precisa estar íntegra.
Injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI):
Trata-se de uma estratégia complementar, que visa ampliar as chances de sucesso da fertização in vitro.
É recomendada quando o homem apresenta algum comprometimento grave
da fertilidade, como baixa quantidade de espermatozoides ou ausência
deles no esperma (nesse caso, o especialista tenta extrair as células
diretamente do testículo).
Em seguida, os gametas são selecionados e o mais potente é
introduzido diretamente, por meio de uma finíssima agulha, no óvulo.
Depois de formado o embrião, segue-se o processo padrão de FIV.
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