É muito fácil ser mais uma vítima de uma doença sexualmente transmissível. E atenção: após férias o índice aumenta e muito! É hora de se proteger!
Feriado deveria ser só alegria. Porém, a julgar pelas salas de espera
lotadas das clínicas ginecológicas nos meses de março e abril, muitas
mulheres sofrem de um trauma sexual pós-férias. "Logo que voltei de
viagem, em janeiro do ano passado, senti uma coceira lá embaixo. Não dei
atenção, até que começou um corrimento meio esverdeado e com um cheiro
forte", conta a designer Claudia, de 27 anos. "Procurei o ginecologista e
ele me pediu um exame. Resultado: eu estava com uma DST. Precisei tomar
antibiótico e, segundo o médico, meu parceiro também teria de ser
medicado. Aí estava o problema: eu não tinha mais contato com ele, foi
apenas uma aventura de verão. Fiquei pensando em quantas outras garotas
seriam contaminadas por ele.
"Apesar de não haver pesquisas que comprovem o fato, os médicos afirmam
que a quantidade de pacientes com histórias parecidas com a de Claudia
cresce muito logo depois das festas de final de ano, férias e Carnaval.
Afinal, é uma época em que a libido está em alta, e as pessoas se deixam
embalar por música, bebida e sexo, claro. "Tanto se sabe disso, que
nesse período há maior divulgação sobre as doenças sexualmente
transmissíveis", diz a ginecologista Lilian Takeda, de São Paulo.
O problema é que as estatísticas sobre infecções por doenças
sexualmente transmissíveis não param de crescer. A Organização Mundial
da Saúde (OMS) estima que ocorram anualmente uma média de 340 milhões de
casos de DSTs, sem contar os portadores de HPV e herpes genital. No
Brasil, segundo o Ministério da Saúde (MS), o número estimado de
infectados na faixa dos 15 aos 49 anos de idade é de 10 a 12 milhões de
pessoas. "Acredita-se que esse tipo de doença seja mais comum entre os
jovens pelo maior número de parceiros que eles têm", afirma o
ginecologista Valdir Pinto, chefe da unidade de DST do Programa de DST e
Aids do Ministério da Saúde.
Uma das grandes preocupações dos especialistas é o fato de que a
maioria das doenças sexualmente transmissíveis, como clamídia e HPV
(vírus papiloma humano), pode comprometer para sempre a saúde de uma
mulher. As DSTs são responsáveis ainda por aumentar os riscos de
infecção pelo HIV.
Veja aqui o guia de NOVA para um sexo seguro nas férias e sempre:
Vacine-se contra a hepatite B, doença com mais chances de transmissão
sexual que a aids, segundo os médicos. E, se você tem até 26 anos e
nunca foi infectada pelo HPV, pode tomar a vacina, recém-aprovada no
Brasil, contra a doença. Apesar de ser mais indicada para quem ainda não
iniciou a vida sexual, acredita-se que ela também ajuda quem nunca teve
contato com o vírus.
Use preservativos sim ou sim. "Ele é a melhor proteção contra as DSTs",
afirma a ginecologista Eliana Amaral, diretora do departamento de
obstetrícia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). "Entretanto,
há alguns vírus que podem estar em uma região que a camisinha não
cobre, como o saco escrotal. É o caso do HPV, que atinge de 20 a 30% da
população jovem", alerta. Por isso a importância de fazer exames
periódicos.
Observe o seu corpo. Verifique o surgimento de sinais estranhos.
"Qualquer cheiro ou corrimento diferente, lesão na pele ou na vagina
(verruga, ferida, vermelhidão) podem ser sinais de doença", explica a
dra. Eliana. "Se esperar para ver se essa alteração passa com o tempo - e
isso realmente acontece -, o diagnóstico fica mais difícil." Um exemplo
disso é a sífilis: no primeiro estágio ela provoca uma ferida, que seca
em alguns dias. Se a pessoa não for ao médico, apesar de o sintoma ter
sumido, a doença continua lá e pode avançar para estágios mais graves,
provocando danos ao coração.
De olho nas DSTs: a maioria das doenças sexualmente transmissíveis não
dá sinais evidentes de contaminação. Mas há casos em que o corpo não se
manifesta. Fique atenta.
Clamídia
CONTÁGIO - Contato com o sêmen ou durante relação sexual vaginal ou anal.
SINTOMAS - Em de 50 a 70% dos casos não há sintomas. Mas pode ocorrer
secreção anormal (corrimento), dor na região pélvica e febre.
EXAME - Laboratorial com material colhido pelo médico em consultório.
CONSEQUÊNCIAS - Aumenta em 4,5 vezes o risco de infecção por HIV.
Provoca, ainda,
infertilidade por doença inflamatória pélvica e
gravidez tubária.
TRATAMENTO - Antibióticos.
Tricomoníase
CONTÁGIO - Contato com o sêmen ou durante relação sexual vaginal.
SINTOMAS - Secreção amarelo esverdeada, com odor ruim, coceira ou queimação.
EXAME - Laboratorial com material colhido pelo médico em consultório.
CONSEQUÊNCIAS - Causa complicações durante a gravidez e aumenta o risco de contrair HIV.
TRATAMENTO - Antibióticos.
Gonorreia
CONTÁGIO - Contato com o sêmen ou durante relação sexual vaginal.
SINTOMAS - Secreção vaginal esverdeada ou amarelada, sangramento ou dor pélvica.
EXAME - Laboratorial com material colhido pelo médico em consultório.
CONSEQUÊNCIAS - Infertilidade por doença inflamatória pélvica, gravidez
tubária, obstrução das trompas e aumento em 4,7 vezes o risco de
contrair HIV.
TRATAMENTO - Antibióticos.
HPV (VÍRUS Papiloma Humano)
CONTÁGIO - Por relação sexual vaginal ou anal e pelo contato da mucosa com os genitais
contaminados.
SINTOMAS - Nem sempre há sintomas, mas podem aparecer verrugas na
vagina e/ou no ânus, coceiras, lesões e corrimentos repetidos que não
melhoram.
EXAME - Pelo papanicolau, que detecta alterações nas células.
CONSEQUÊNCIAS - Aumento do risco de câncer de colo de útero e de passar para o bebê na gravidez.
TRATAMENTO - Remédios e cauterização das verrugas. Quem ainda não tem o vírus pode tomar a vacina.
Herpes Genital
CONTÁGIO - Se o vírus estiver ativo, pela pele durante contato dos genitais durante o sexo
vaginal, anal ou oral.
SINTOMAS - Pequenas bolhas vermelhas dentro ou em volta da vagina e dor local.
EXAME - Laboratorial com material colhido pelo médico em consultório.
CONSEQUÊNCIAS - Aumenta em 3,3 vezes o risco de infecção por HIV e
durante a gravidez pode passar para o bebê, causando graves
complicações.
TRATAMENTO - O vírus fica no organismo, mesmo inativo. Há remédios para controlar a doença e a dor.
Sífilis
CONTÁGIO - Durante relação sexual vaginal, anal ou oral. Ou por feridas abertas ou com sangue infectado.
SINTOMAS - Normalmente não há sintomas, mas em alguns casos surgem
feridas nos genitais ou na boca, que somem depois de algumas semanas.
Mas a pessoa não está curada.
EXAME - Exame de sangue. Quando há lesões, o material é encaminhado para análise.
CONSEQUÊNCIAS - Aumenta o risco de infecção por HIV. Quando se agrava
durante a gravidez, chega a matar 70% dos fetos, além de crescerem os
riscos de aborto e infecção congênita do feto. Pode haver danos
cerebrais e cardíacos.
TRATAMENTO - Se for diagnosticada no início, pode ser tratada com antibióticos acessíveis.
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