quarta-feira, 10 de outubro de 2012

"Estou grávida e não sinto...”

gravidez-placenta
Sintomas clássicos como enjoo, tontura e desejos estranhos no meio da madrugada não acontecem com você? Não se preocupe: a ausência desses sinais pode ser até algo positivo
Se a barriguinha anda demorando a despontar ou se o problema é o bebê que não quer saber de dar os primeiros pontapés, relaxe. O atraso no aparecimento de algumas manifestações da gravidez e a ausência de certos sintomas típicos, como o enjoo, não significam, necessariamente, que algo não vá bem ou que você esteja “menos grávida”. Na verdade, ser poupada de alguns mal-estares gravídicos, além de uma bênção, pode ser até sinal de mais saúde.
 
A ginecologista e obstetra Marcia Andréa Puggesi Rubin, 39 anos, sabe, tanto por experiência própria quanto profissional, que uma mesma mulher pode vivenciar mais de uma gestação de diferentes maneiras. Mãe três vezes – de Matheus (14 anos), de Gabriel (9 anos) e do pequeno Rafael, de apenas 6 meses -, Marcia conta que, nas duas primeiras gestações, a falta de sintomas era quase que total. Já na última, a história foi bem diferente. “Talvez porque, nos dois primeiros filhos, eu trabalhasse muito e não tivesse tempo de observar o que acontecia. Mas, na gravidez do Rafael, eu havia decidido que teria um ritmo mais tranquilo. Assim, senti, por exemplo, uma sonolência tão forte que precisava dormir depois do almoço”, relembra a médica, que passou a repousar por pelo menos uma hora após a refeição todos os dias. Outras mudanças da última gravidez em relação às anteriores foram: desejo por comer uva, azia nos dois últimos meses e prisão de ventre, contornada com muita caminhada e ingestão de fibras.
 
Agora, veja quais são os sintomas mais comuns às gestantes, em que fase da gravidez costumam surgir e por que podem não se manifestar em alguns casos:

 

Enjoos e vômitos
Pelo menos nas novelas de televisão, eles são o recurso mais utilizado pelos autores para mostrar que uma personagem está no início de uma gravidez. Mas será que na vida real sentir ânsia e correr para o banheiro para vomitar também é algo tão corriqueiro assim entre as mulheres que engravidaram recentemente? Segundo os especialistas, sim. Porém, não se desespere se isso não aconteceu com você! Quando o estômago se revira todo é culpa da gonadotrofina coriônica humana, o hormônio que entra em cena apenas durante a gravidez e que é dosado no famoso exame Beta HCG, que indica, justamente, se há ou não gestação. Mulheres com mais sensibilidade a ele sentem mais enjoo, enquanto as mais resistentes sentem menos. Simples assim. O mal-estar costuma passar lá pelo segundo trimestre, quando a taxa hormonal começa a declinar. 


Fadiga e sonolência
Um cansaço maior e uma vontade irresistível de dormir podem surgir desde o início da gestação e permanecer até o final. Os fatores envolvidos são muitos, começando pelo aumento do hormônio progesterona no organismo, que causa relaxamento dos vasos sanguíneos e, consequentemente, uma baixa da pressão arterial na maioria das gestantes. Outro motivo para essa letargia pode ser a anemia dilucional, típica da gravidez, e é exatamente para preveni-la ou tratá-la que o médico que realiza o pré-natal geralmente prescreve a reposição do ferro. “Pacientes que engordam muito tendem a se sentir mais cansadas. Por isso, o ideal é ganhar, no máximo, de 10 a 12 quilos”, afirma Marcia Rubin. Mais uma vez, vale a regra: se no seu caso não há fadiga, significa que seu corpo vai muito bem, obrigada!  


Mamas que não crescem nem doem
 Algumas mulheres sentem os seios estufarem ao longo da gravidez e ficarem mais sensíveis. Com outras, o fenômeno ocorre apenas depois do parto. Ambas as situações são normais, a diferença é que em alguns casos a glândula mamária começa a se preparar para a amamentação antes do nascimento do bebê. Tem a ver com a quantidade de hormônios circulando no organismo e com a sensibilidade individual.


Desejos estranhos
 Para alguns, mera frescura. Para outros, uma vontade legítima de comer algo especial, talvez causada por uma carência nutricional ou pela gangorra hormonal da gravidez. A realidade é que não há respaldo científico para os desejos alimentares das futuras mamães. E nem todas elas os têm. Comprovado mesmo só existe um fato: nenhuma criança até hoje nasceu com cara de bombom ou de empada por falta de se conseguir esses quitutes no meio da madrugada...


Tontura e desmaios
Mais comuns no primeiro trimestre, essas duas manifestações podem perdurar por mais tempo, mas nunca são um bom sinal. “Tonteiras e desmaios normalmente são causados por pressão baixa ou hipoglicemia. Podem provocar quedas, que são potencialmente perigosas”, alerta Luiz Augusto Ferreira Santana, obstetra da Maternidade Leila Diniz, do Rio de Janeiro. Portanto, se você não os tem, parabéns! Possivelmente está se cuidando bem e se alimentando da maneira ideal.


Xixi a toda hora
 A micção frequente – ou, para usar o termo médico exato, polaciúria – é uma realidade cansativa para a maioria das gestantes. E olha que a danada costuma dar as caras lá pelo terceiro mês e só tende a piorar. O motivo é óbvio: quanto mais o útero cresce, mais ele comprime a bexiga, que cada vez consegue armazenar menos urina. Assim, o número de vezes que se urina por dia só aumenta com o passar dos meses. Desse mal você não tem sofrido? Comemore, pois seu caso é uma raridade. “Quando a mulher não tem esse sintoma, provavelmente é porque ela já tinha o hábito de ir mais vezes ao banheiro, então, não percebe nenhuma alteração em sua rotina”, analisa o médico Luiz Augusto Santana.


Barriga discreta
Não adianta sonhar com um barrigão muito evidente se sua constituição física não favorece essa situação. “A grávida obesa quase não faz barriga, enquanto a miudinha forma uma barriga grande e pontuda desde o princípio da gestação”, exemplifica Marcia. “Fatores como o diâmetro e o formato da pelve da mulher e se ela tem ou não cintura larga também interferem em como a barriga vai aparecer”, complementa Santana. As mais ansiosas por desfilar a silhueta de grávida podem valorizar as curvas do ventre com batas e vestidos recortados sob o busto. O truque ajuda a marcar mais a barriguinha.


Intestino para lá de preguiçoso
Prisão de ventre é uma das queixas mais presentes nos consultórios de obstetrícia e pode perdurar os nove meses. A progesterona, mais uma vez, é a responsável pelo problema, já que causa uma diminuição da contração do intestino. “Se a grávida não sofre de constipação, certamente é porque está tomando iogurte, comendo mamão, bebendo suco de laranja. São exemplos de alimentos que melhoram o bolo fecal”, diz o obstetra Luiz Santana. Comer alimentos ricos em fibras e caminhar são medidas que ajudam no trânsito intestinal e, por tabela, colaboram para prevenir hemorroidas, outro mal comum na gravidez.


Azia
Diz a crença popular que quando o estômago da mãe dói, a criança nascerá cabeluda! Claro que não há nenhuma relação entre a azia que muitas grávidas sentem com a quantidade de fios na cabecinha do bebê. Mas que o incômodo pode ser bem desconfortável, ninguém duvida. Ele acontece por conta de uma maior produção de ácido clorídrico no estômago, necessário para metabolizar mais rapidamente os alimentos e assim atender adequadamente às necessidades do feto. Segundo Santana, as gestantes que felizmente não padecem de queimação estomacal são provavelmente dotadas de uma boa capacidade de impedir o refluxo do ácido do estômago para o esôfago. Elas são também privilegiadas, já que a pirose, como é chamado o sintoma, pode ocorrer em todas as fases da gravidez.


O bebê mexer
Sentir os movimentos do bebê talvez seja o momento mais esperado por quem carrega um filho na barriga. Parece até que as tais 22 semanas que o médico diz que são necessárias para começar a perceber o bebê se mexendo nunca passam! Imagine, então, quando essa data chega e nada do filhote dar seus chutes? Se isso está acontecendo com você, não vale pirar. O pré-natal estando em dia, basta ter mais um pouquinho de paciência. “Tem nenê que é mais preguiçoso, dorme muito, e é preciso que a mãe esteja muito atenta para perceber movimentos. E se tiver pouco líquido amniótico, o bebê mexe menos mesmo”, esclarece Luiz Santana.

Fonte: bebe.com

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