Remédios contra disfunção erétil fizeram
decolar a vida sexual de homens com o problema. Mas, se utilizados sem
necessidade, eles afundam a qualidade da transa e até causariam
impotência.
A fama dos medicamentos que combatem
brochadas frequentes ultrapassou de longe o que está anotado na bula.
Desenvolvidos para impulsionar a ereção somente em quem apresenta um
distúrbio, seja ele resultado de panes físicas ou psicológicas, esses
comprimidos começaram a ser vistos - e engolidos - por muitos marmanjos
saudáveis como uma forma de turbinar as relações. É o que os experts
chamam de uso recreativo.
Entretanto, um levantamento realizado
com mais de mil voluntários pela Universidade do Texas, nos Estados
Unidos, descobriu que essa suposta estratégia para completar uma
maratona sob os lençóis na verdade acaba com a diversão na cama. Após
comparar indivíduos sem o costume de tomar pílulas antes da hora agá com
outros que, mesmo sem nada de errado com o organismo, abusavam delas,
os cientistas americanos, liderados pelo psicólogo Christopher Harte,
escreveram no artigo o seguinte comentário: "O grupo dos usuários
reportou uma menor confiança em si e na sua habilidade de dar prazer. E a
baixa autoestima observada nesses participantes sugere que o consumo
sem prescrição pode resultar em disfunção erétil por motivos
psicológicos". De tão empregado, o fármaco se tornou item quase
obrigatório para esse pessoal não refugar.
"Nenhuma dessas
drogas desencadeia reações no sistema de recompensa do cérebro.
Portanto, não geram dependência física", ensina o psiquiatra Thiago
Marques Fidalgo, coordenador do Programa de Orientação e Atendimento a
Dependentes da Universidade Federal de São Paulo. "Por outro lado, o
usuário às vezes tem a impressão de que só conseguirá transar com o
auxílio do comprimido, que então se transforma em uma muleta", arremata.
A pesquisa americana ainda aponta que a turma, digamos,
aditivada sente menos prazer no momento do rala e rola. "Logo depois do
orgasmo, o homem atinge o chamado período refratário. Trata-se de um
tempo necessário para relaxar e eventualmente reiniciar a atividade
sexual", explica Celso Marzano, urologista e sexólogo da Faculdade de
Medicina do ABC, na região metropolitana de São Paulo. "Ao ingerir uma
medicação dessas sem o consenso do médico, a tal sensação de alívio não é
plena, porque o pênis continuaria rígido. Aí, a satisfação pode não ser
total", completa Fidalgo.
O conceito de impotência
Hoje
em dia, o estereótipo do macho alfa é o do atleta sexual, aquele que
vara a noite em múltiplas e contínuas sessões com a parceira. Tal imagem
cria a ilusão de que qualquer desempenho não digno de uma menção
honrosa no Kama Sutra, clássico indiano da literatura erótica, é
sinônimo de disfunção erétil. "Diagnostica-se uma pessoa com esse
distúrbio apenas quando há incapacidade de manter uma ereção suficiente
para a penetração", define o urologista Aguinaldo Nardi, presidente da
Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). Ou seja, não tem nada a ver com a
performance no ato. O remédio traz benefícios só a quem sofre com esse
quadro específico e passou pela avaliação de um profissional. Acredite,
se não é o caso, melhor economizar o dinheiro das drágeas para comprar
flores.
Drogas contra impotência, além de agirem nas partes
baixas, podem propulsionar efeitos indesejados no resto do corpo. As
reações adversas mais comuns são dor de cabeça, manchas na pele,
diarreia, alterações visuais e até tontura. É bem verdade que nem todo
mundo apresenta os sinais, mas para que correr um risco desnecessário?
"Sem contar que certos medicamentos pró-ereção dilatam vasos do
coração", acrescenta Marco de Tubino Scanavino, psiquiatra do Projeto
Sexualidade, que pertence ao Instituto de Psiquiatria do Hospital das
Clínicas de São Paulo. Logo, cardiopatas precisam ser encaminhados a um
especialista antes de utilizá-las - algo que simplesmente não acontece
quando se adquire um produto desse tipo sem prescrição.
Mesmo ao
receitar cápsulas que estimulam o endurecimento do pênis, os
especialistas fazem de tudo para que o paciente pare de consumi-las ao
longo do tempo. "Principalmente em quadros de disfunção erétil
psicológica, elas auxiliam no início da terapia, porque devolvem a
confiança a alguém que, caso contrário, evitaria novas experiências
sexuais por medo de se frustrar", analisa Scanavino. "Mas, conforme a
situação evolui, a gente vai retirando a medicação aos poucos", garante.
Infelizmente, as brochadas advindas de piripaques fisiológicos
costumam demandar o uso prolongado. Daí a importância de se prevenir
contra chateações capazes de afetar a chegada de sangue ao órgão genital
masculino, algo fundamental para que ele cresça. "Obesidade e diabete,
por exemplo, comprometem a circulação e, consequentemente, são
considerados fatores de risco para impotência", adverte Scanavino. "Uma
vida sexual saudável vem de uma vida saudável como um todo", conclui
Nardi. Essa, sim, é uma receita médica que todo homem deve seguir sem
medo e que com certeza vai agitar as relações dentro do quarto.
Uma bala pró-ereção?
Em
2011, foi disponibilizado no mercado um tipo de pastilha sabor menta
que se dissolve na boca em segundos com função similar à das drogas
anti-impotência tradicionais. Ela inclusive é vendida em embalagens
parecidas com a de gomas de mascar. Mas a aparência não justifica o
consumo indiscriminado. "Seu mecanismo de ação é igual ao dos outros
remédios", atesta Aguinaldo Nardi, urologista da SBU. Em outras
palavras, a pastilha é indicada para tratar uma encrenca, e não para
apimentar a relação.
O que faz decolar...
Confira simples hábitos que mantêm o pênis em ponto de bala por anos a fio
- Fugir do estresse A tensão libera hormônios que estreitam os vasos. Aí, falta sangue para o órgão genital subir.
- Exercitar-se Além de ser um relaxante, a atividade física melhora o aporte do líquido vermelho ali.
- Dormir bem Pouco tempo na cama eleva em três vezes o risco de reclamar da disfunção erétil.
...e o que faz cair
Cuidado com os tópicos abaixo. Cada um deles pode resultar em queda precoce da potência
- Beber muito álcool Cerveja, vinho e afins em excesso abalam a ereção, tanto no dia do porre como nos posteriores.
- Fumar O tabagismo diminui o calibre das artérias que irrigam a região peniana.
- Tomar certos remédios Sempre discuta com seu clínico sobre o possível efeito antiereção de drogas que você ingere.
Bastidores do esperado lançamento
Confira o que passa no organismo no momento da excitação
1. Contagem regressiva Estímulos
diversos, que vão da visão de uma mulher atraente até um toque mais
ousado, serão processados pelo sistema nervoso. A partir daí, o cérebro
envia impulsos elétricos até a genitália.
2. Turbinas ligadas Essas
mensagens enviadas pela torre de comando induzem a fabricação de óxido
nítrico. A substância atinge os vasos que abastecem o pênis e os dilata.
Isso, por sua vez, facilita a chegada de sangue à região como um todo.
3. Missão cumprida O
líquido vermelho, então, preenche os chamados corpos cavernosos,
estruturas localizadas no pênis que, inchadas de sangue, enrijecem-no.
Aí, o órgão fica pronto para ir para as alturas e entrar em ação.
Fonte: Revista saúde
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