quarta-feira, 22 de maio de 2013

Teste compara benefícios de chocolates ao leite e meio amargo

O chocolate tem sido um dos alimentos funcionais preferidos pelas pesquisas. Poderes contra doenças cardíacas, envelhecimento precoce e até sobrepreso são atribuídos ao produto, principalmente na sua formulação amarga. A razão apontada são as substâncias antioxidantes presentes no cacau. 
 
"Cacau ganha cor azul no teste em laboratório Outro lado: 'Lei não obriga a informar quantidade de cacau', diz fabricante Chocolate amargo pode até emagrecer, diz pesquisa."
 
A Folha e a Unicamp decidiram medir a quantidade dessas substâncias, os polifenois, em barras das três marcas mais vendidas do mercado. Foram comparadas as composições dos tipos "ao leite" e "meio amargo" (porcentagem de cacau entre 30% e 50%) dessas marcas.
Preferidos dos nutricionistas e valorizados em estudos, os chocolates mais escuros são tão calóricos e gordurosos quanto os com leite. A diferença está mesmo nos polifenois: sua quantidade dobra nas versões meio amargas. 

Das marcas testadas, o meio amargo da Nestlé foi o que apresentou o maior teor de antioxidantes por 100 g do produto (2,4 g de polifenóis). A menor quantidade da substância foi encontrada no Lacta ao leite, 0,98 g. 

O produto meio amargo da Lacta, que ficou em terceiro lugar no quesito antioxidante, é, entretanto, o menos calórico de todos. Mesmo assim, não é pouca coisa: são 504 calorias por 100 g.

O fato de o chocolate ter o gosto mais amargo sugere mais antioxidantes. Mas isso não é determinado diretamente pelo teor de cacau. 


"Na porcentagem de cacau entram tanto a massa quanto a manteiga de cacau. Esta última não tem nada de polifenóis", diz a engenheira de alimentos Priscilla Efraim, da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp, onde foi feito o teste. 

O amargor também não significa que o produto tem menos açúcar: em todos os chocolates testados, o açúcar é o ingrediente em maior proporção na fórmula--maior do que a do cacau, inclusive. 

"Nessa época já se come muito chocolate; os benefícios não podem ser desculpa para exageros", diz Lara Natacci, nutricionista do programa Meu Prato Saudável, do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas de São Paulo. 




PROPAGANDA
Para a endocrinologista Rosana Radominski, do Departamento de Obesidade da Sbem (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia), a indústria estimula a divulgação da ideia de que comer chocolate todo dia é bom para a saúde. 

"Não há prova disso. O que podemos dizer é que a pessoa pode comer uma coisa gostosa que não vai fazer mal se for consumida em pequenas quantidades", diz a médica.
A maioria das pesquisas indicando benefícios do chocolate utilizou extratos com alta concentração de polifenóis, segundo Efraim. 


Para obter esses efeitos com as marcas testadas, por exemplo, a pessoa precisaria comer quase cem gramas do tipo meio amargo por dia, avalia a professora. 

"Do ponto de vista do consumo de antioxidantes, o meio amargo é melhor. Mas não vale apostar no chocolate como um superalimento. Não é tudo isso. Mas é gostoso", diz o nutrólogo Daniel Magnoni, do HCor (Hospital do Coração) de São Paulo. 

O consumo "controlado" das pesquisas dificilmente é replicado na vida real.
Uma sugestão da nutricionista Lara Natacci para quem come o doce habitualmente é trocar a versão ao leite pela meio amarga.
"O teste mostrou uma diferença significativa na quantidade de antioxidantes, mesmo em produtos populares e facilmente encontrados no mercado", diz. 

Os resultados sobre a concentração de polifenóis são coerentes com o que se espera de um chocolate mais amargo, na opinião de Carlos Thadeu de Oliveira, gerente do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor). 

"O que não dá para entender é por que poucos fabricantes colocam a porcentagem de cacau na embalagem dos produtos vendidos no Brasil", diz ele. 

Dos produtos testados, só o amargo da Lacta tem essa informação. Segundo Oliveira, o dado é comum nos chocolates importados e em "edições limitadas" de produtos gourmet. "Quanto mais barato o produto, menor o número de informações oferecido ao consumidor", diz. 

Fonte: Revista folha

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